A escolha entre os candidatos à presidência dos Estados Unidos nesta terça-feira, dia 05/11, irá impactar de maneiras distintas o setor de inteligência artificial (IA) globalmente.
Se você empreende no mercado de IA ou já incorporou essa tecnologia no seu dia a dia, é fundamental estar atento ao que os próximos 4 anos podem trazer, dependendo de quem vencer…
Donald Trump ou Kamala Harris?
Enquanto Trump favorece uma abordagem desregulamentadora que pode acelerar a inovação mas com menos supervisão, Harris defende uma pesada regulamentação.
Analisando detalhadamente, especialistas do setor tecnológico e governamental avaliam as possíveis políticas de cada candidato em relação à IA.
Trump tem adotado uma postura mais desregulamentadora em relação à tecnologia.
Ele prometeu revogar uma ordem executiva abrangente emitida pelo presidente Joe Biden em outubro de 2023, que estabelecia diretrizes para a regulamentação da IA.
Essa ordem gerou controvérsias…
Críticos como John Bailey, membro sênior do American Enterprise Institute, argumentam que certas provisões representam uma intervenção governamental excessiva que poderia frear a inovação.
Bailey afirmou que “é uma pena estarmos às vésperas da eleição e não termos uma agenda detalhada de política de IA de nenhum dos candidatos”.
Nicholas Reese, professor adjunto na New York University e ex-diretor de Tecnologia Emergente do Departamento de Segurança Interna dos EUA, observa que, no mandato anterior, a administração Trump adotou uma abordagem tímida e gradual para a política de IA.
“Quando trabalhei sob a administração Trump […] o foco estava em princípios de confiabilidade e confiança na tecnologia”, comenta Reese.
Essa postura pode beneficiar empresas que buscam inovação rápida, sem os entraves de regulamentações rigorosas, que podem se intensificar caso Kamala Harris vença a eleição.
Kamala, atualmente vice-presidente, tem fortes conexões com o Vale do Silício e teve forte presença na regulamentação do setor de IA durante a administração Biden.
Megan Shahi, diretora de Políticas Tecnológicas no Center for American Progress, considera a ordem executiva de Biden sobre IA “um bom primeiro passo” e espera que Harris continue construindo sobre esse fundamento.
Shahi comenta que “Biden forneceu uma base direta para avançar”, mas reconhece que a IA pode não ser uma prioridade imediata.
Durante o governo Biden, Kamala Harris se reuniu com líderes de empresas de tecnologia, visando introduzir memorandos — uma série de diretrizes e orientações desenvolvidas pelo governo dos EUA — para nortear o uso da IA em setores estatais.
Apesar de serem voltados para o governo, esses memorandos têm como objetivo final criar uma base de “boas práticas” para o desenvolvimento e uso responsável da IA no setor público.
Darrell West, pesquisador sênior do Brookings Institute, destaca que Harris provavelmente continuará a abordagem atual, aumentando a interferência governamental nas iniciativas envolvendo IA.
Ele observa que “deveria haver mais atenção ao que os candidatos fazem na área de IA, porque é um tema muito importante”.
Em resumo, a desregulamentação proposta por Trump pode acelerar o desenvolvimento tecnológico, mas também levanta preocupações sobre consequências não desejadas no uso da IA.
Enquanto a pesada interferência estatal de Kamala, para supostamente proteger os usuários, possivelmente irá frear o desenvolvimento do setor.
Como brasileiros acompanhando essa eleição à distância, é essencial entendermos como as decisões políticas nos Estados Unidos podem repercutir globalmente.
A IA é uma tecnologia sem fronteiras, e mudanças nas políticas americanas podem (e provavelmente irão) influenciar tendências e regulamentações em outros países, inclusive no Brasil.
Empresas brasileiras que atuam neste mercado precisam estar atentas a essas possíveis mudanças, avaliando como alinhar suas estratégias em conformidade com os cenários internacionais.
A escolha do próximo presidente dos Estados Unidos não afetará apenas o país, mas terá repercussões globais que irão definir o rumo da IA nos próximos anos.