A Liquid AI, uma startup de inteligência artificial oriunda do MIT, obteve recentemente um aporte de US$ 250 milhões em sua rodada Série A, liderada pela AMD.
A empresa agora é avaliada em mais de US$ 2 bilhões, conforme dados divulgados pela Bloomberg.
Esse movimento financeiro é acompanhado por um plano de desenvolvimento de um novo tipo de modelo de IA, conhecido como “liquid neural network”.
Essas redes neurais líquidas utilizam estruturas inspiradas no sistema nervoso de certos organismos, como vermes nematoides, que possuem um padrão neural simples e flexível.
Nesse tipo de arquitetura, cada neurônio é guiado por equações que predizem seu comportamento ao longo do tempo, criando modelos menores e menos exigentes em termos de poder computacional.
Diferentemente dos modelos tradicionais, essa abordagem visa reduzir o consumo de recursos, mantendo desempenho comparável ou superior a sistemas baseados em transformadores, como os conhecidos LLMs (Large Language Models).
A Liquid AI classifica seus modelos como LFMs (Liquid Foundation Models), disponibilizando opções com diferentes quantidades de parâmetros.
Por exemplo, há uma versão com 1,3 bilhão de parâmetros, adequada para rodar diretamente em dispositivos móveis, algo que tende a interessar desenvolvedores focados em aplicações embarcadas.
Além disso, existe um modelo de 3,1 bilhões de parâmetros, otimizado para processamento na borda (edge), que pode auxiliar empreendedores que buscam atender demandas próximas ao usuário final, como processamento local de dados sensíveis.
Para tarefas mais complexas, a startup conta com um LFM de 40 bilhões de parâmetros, usando a arquitetura conhecida como Mixture of Experts, que permite lidar com cenários de alta complexidade.
Um ponto relevante é que, segundo dados da própria empresa, os LFMs ocupam menos memória do que arquiteturas GPT quando lidam com entradas muito extensas, como documentos longos ou vídeos.
Como parte da parceria estratégica com a AMD, a Liquid AI pretende otimizar seus LFMs para as GPUs, CPUs e unidades de processamento neural (NPUs) da fabricante.
Isso favorece empreendedores do setor de software que buscam aplicações mais eficientes, reduzindo custos de infraestrutura e ampliando possibilidades de uso em setores como e-commerce, eletrônicos de consumo, biotecnologia, telecomunicações, serviços financeiros e varejo online.
A infusão de capital também permitirá à Liquid AI expandir sua capacidade de desenvolvimento, criando modelos especializados em formatos e tamanhos variados, além de aumentar sua infraestrutura para lidar com dados complexos.
Empresas brasileiras de software podem observar nessa iniciativa oportunidades de integração em seus produtos, considerando a possibilidade de execução local, diminuição de custos com nuvem e maior controle sobre os dados.
Essa perspectiva é reforçada pela própria Liquid AI, que tem apresentado exemplos práticos de escalabilidade, releases de modelos de texto, opções multimodais, bem como colaborações com parceiros que visam aplicações tangíveis de sua tecnologia.