O setor de bancos digitais experimenta uma retomada significativa, com investidores alocando cerca de US$ 1,2 bilhão em startups globais nos últimos três meses. Empresas como One, Tyme e Current receberam aportes substanciais, indicando confiança renovada no mercado.
One, Tyme e Current chamaram a atenção ao receber aportes de US$ 300 milhões, US$ 250 milhões e US$ 200 milhões, respectivamente.
Esses valores integram um total aproximado de US$ 1,2 bilhão que, nos últimos três meses, foi distribuído entre vários provedores de serviços bancários digitais.
A One, sediada em Sacramento (Califórnia), conta com participação majoritária do Walmart, o que amplia seu alcance na oferta de contas online, cartões de débito e modalidades de empréstimo a clientes que fazem compras na rede varejista.
Já a Tyme, com operações na África do Sul e nas Filipinas, atingiu valuation de US$ 1,5 bilhão e despertou interesse ao receber recursos do Nubank, instituição brasileira reconhecida por seu crescimento no setor de bancos digitais.
Por sua vez, a Current, de Nova York, avançou para mais de US$ 600 milhões de investimento total e afirma que sua receita registrou alta superior a 90% neste ano, com foco em atingir lucratividade em 2025.
Esses movimentos indicam um cenário mais otimista, depois de alguns trimestres de cautela entre os investidores do segmento de fintech.
Ao mesmo tempo, a expectativa para 2025 é de aumento no número de IPOs de empresas de serviços financeiros digitais.
O Chime, neobank pioneiro fundado em 2012, já teria encaminhado documentos de forma confidencial para abrir capital.
Com cerca de 7 milhões de usuários, a instituição obtém receitas a partir das taxas de intercâmbio pagas pelos estabelecimentos comerciais sempre que há uso de seu cartão.
A Klarna, conhecida pelo modelo “compre agora, pague depois” (buy now, pay later), também busca abrir capital nos Estados Unidos e pode influenciar outras fintechs a seguirem o mesmo caminho.
Stripe, Revolut e N26 são mais exemplos de possíveis candidatas a ingressar nos mercados públicos em algum momento.
Enquanto isso, empresas já listadas em bolsa como Affirm, SoFi, Coinbase, Robinhood e Nubank voltaram a apresentar valorização, embora oscilações recentes nas bolsas mostrem que ainda há incertezas.
Analistas avaliam que parte do interesse renovado em fintech decorre da busca por soluções financeiras digitais mais eficientes, principalmente entre novos grupos de consumidores e em mercados emergentes.
Para empreendedores brasileiros, a mensagem é clara: há espaços para expansão em serviços bancários baseados em software, desde que se mantenha foco em modelos sustentáveis de negócio e em estruturas de governança robustas.
O desempenho de fintechs estrangeiras pode ser referência no momento de desenvolver ou escalar soluções destinadas ao público local.
Por outro lado, a entrada ou expansão de players internacionais no Brasil também exige atenção de quem já atua no setor, pois a competição tende a ficar mais acirrada.
A volatilidade econômica global e os sinais de cautela de bancos centrais ainda trazem riscos.
Contudo, o volume de aportes recentes sugere que muitos investidores continuam enxergando oportunidades no uso de tecnologia para democratizar serviços financeiros.