Reatores nucleares: A nova aposta de Amazon e Google para alimentar data centers

No cenário atual, onde a tecnologia cresce a passos largos e a demanda por energia limpa é imperativa, gigantes como Amazon e Google estão abraçando uma nova abordagem para alimentar seus crescentes data centers: a energia nuclear.

Recentemente, ambas as empresas anunciaram investimentos agressivos em pequenos reatores modulares (SMRs), uma tecnologia nuclear que promete atender à crescente necessidade de eletricidade impulsionada pela inteligência artificial e o uso cada vez maior de serviços baseados em nuvem.

Esse movimento não é apenas sobre inovação tecnológica, mas uma busca resoluta por fontes de energia que possam sustentar a expansão tecnológica de maneira limpa.

O desafio é claro: de acordo com a Agência Internacional de Energia, o consumo total de eletricidade dos data centers pode ultrapassar 1.000 TWh até 2026, mais que dobrando em relação a 2022.

Isso é um sinal luminoso piscando para soluções como os SMRs – pequenos em tamanho, mas potencialmente gigantes na capacidade de produção de energia limpa.

Amazon já deu um grande passo ao liderar um aporte de US$ 500 milhões na X-Energy, uma empresa dedicada ao desenvolvimento de reatores modulares.

Além disso, planeja colaborar com utilitárias nos estados de Washington e Virgínia para explorar locais potenciais para esses projetos.

Na Virgínia, por exemplo, um pequeno reator modular próximo a uma já existente estação nuclear da Dominion Energy tem potencial para gerar pelo menos 300 megawatts, segundo a Amazon.

Mesmo sendo promissor, este projeto ainda enfrentará desafios robustos, como a necessidade de concessão de licenças de construção por parte dos reguladores federais e preocupações locais sobre segurança nuclear.

Por outro lado, a Google assinou um contrato com a Kairos Power para adquirir energia de SMRs planejados para entrar em operação na próxima década.

A expectativa é que o primeiro reator online forneça 500 megawatts para a rede até 2030, com planos adicionais até 2035.

Para se ter uma ideia, a Google consumiu mais de 24 terawatts-hora de eletricidade no ano passado; apenas reforçando a imensidão do desafio energético que tem pela frente.

O impulso dessas iniciativas, contudo, levanta uma questão crucial: esse poderia ser o ponto de inflexão que finalmente valida e viabiliza os SMRs como solução energética viável?

Afinal, o histórico dos SMRs nos Estados Unidos está crivado de dificuldades, como evidenciado pela queda de um projeto da NuScale para um reator modular em Idaho, devido à escalada dos custos projetados da eletricidade.

Os SMRs, apesar de promissores, trazem consigo uma carga de desafios e riscos que não podemos ignorar.

A segurança nuclear lidera as preocupações, uma vez que a possibilidade de falhas e acidentes ainda assombra, alimentada por um histórico de desastres no setor.

A aceitação pública também é afetada pela complexidade na gestão de resíduos radioativos, que persiste como um problema sem solução fácil.

Somando-se a isso, temos questões econômicas pela frente: enquanto o aporte de gigantes tecnológicas pode ser crucial, exemplos como o projeto da NuScale mostram que custos imprevistos e longas demoras podem minar o entusiasmo por essas iniciativas inovadoras.

Essas notícias são um convite à reflexão sobre o papel das grandes empresas de tecnologia na liderança de mudanças significativas em como geramos e consumimos energia.

Elas não apenas têm o poder financeiro para impulsionar novas tecnologias, mas também a responsabilidade de utilizar esse poder com cautela e visão.

Se os SMRs realmente se tornarem uma pedra angular no mix energético dos data centers, isso poderá solidificar um caminho onde progresso tecnológico e sustentabilidade caminham lado a lado, mostrando que o futuro da energia pode, de fato, ser nuclear.

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