Por que empresas de código aberto estão mudando para licenças proprietárias

As empresas de software de código aberto têm enfrentado o desafio de equilibrar a manutenção de suas comunidades e evitar o uso indevido de suas licenças por terceiros.

Ao longo dos anos, várias empresas migraram de modelos de código aberto para licenças proprietárias.

Em 2007, a Movable Type lançou uma versão de seu software sob a licença GPL, visando competir com o WordPress.

No entanto, em 2013, decidiu descontinuar a versão de código aberto, afirmando que não havia crescimento na comunidade nem aumento significativo nos downloads em comparação com as versões pagas.

A SugarCRM, fundada em 2004, anunciou em 2014 que deixaria de oferecer sua “edição comunitária” de código aberto.

A empresa percebeu que o produto não atendia efetivamente aos desenvolvedores nem aos usuários iniciantes em CRM buscando soluções gratuitas.

Em 2018, a Redis começou a transicionar de suas raízes de código aberto.

Inicialmente, mudou algumas de suas “Redis Modules” para uma licença Apache 2.0 com uma cláusula que impedia usos comerciais específicos.

No ano seguinte, introduziu sua própria licença, a Redis Source Available License, com restrições relacionadas a serviços concorrentes oferecidos por grandes empresas de nuvem.

O MongoDB, em 2018, alterou sua licença open source AGPL para a Server Side Public License (SSPL), com o objetivo de impedir que provedores de nuvem oferecessem versões de seus serviços sem contribuir de volta.

A Confluent, no mesmo ano, mudou componentes de sua plataforma para uma licença proprietária, a Confluent Community License, restringindo que serviços concorrentes oferecessem seus produtos “como serviço”.

A Cockroach Labs, em 2019, mudou a licença do CockroachDB para a Business Source License (BUSL), buscando proteger-se de provedores de nuvem que poderiam oferecer seus serviços sem retorno para a empresa.

Em agosto deste ano, anunciou outra mudança, unificando seu produto sob uma única licença empresarial para incentivar grandes empresas a pagarem pelos recursos utilizados.

A Sentry, empresa avaliada em US$ 3 bilhões, mudou em 2019 de uma licença BSD de código aberto para a BUSL.

O motivo foi evitar que empresas financiadas copiassem seu trabalho para competir diretamente.

No ano passado, a Sentry lançou sua própria licença, a Functional Source License (FSL), buscando balancear liberdade para desenvolvedores e proteção contra uso indevido.

A Elastic, criadora do Elasticsearch e Kibana, mudou para uma licença proprietária em 2021, após conflitos com grandes provedores de nuvem que ofereciam seus produtos sem contribuir.

Em agosto deste ano, a Elastic retornou ao código aberto, adotando a licença AGPL.

A HashiCorp abandonou o código aberto no ano passado, anunciando que mudaria sua ferramenta Terraform para a BUSL, visando impedir que determinados fornecedores monetizassem o Terraform sem contribuir de volta.

Um fork open source chamado OpenTofu foi lançado por terceiros neste ano.

A Snowplow, plataforma de coleta de dados comportamentais para aplicações de IA, mudou neste ano de uma licença Apache 2.0 para a Snowplow Limited Use License Agreement.

A empresa afirmou que todos os que executam seu software em produção devem pagar pelo valor recebido.

O novo acordo de licença impede explicitamente que usuários criem produtos concorrentes baseados na Snowplow.

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