O mercado de IPOs (Ofertas Públicas Iniciais) tem sido um tema quente entre investidores e empreendedores do setor de tecnologia.
Apesar das expectativas de uma retomada em 2024, Adena Friedman, CEO da Nasdaq (a principal bolsa de valores eletrônica dos Estados Unidos, focada em ações de empresas de tecnologia), aponta para 2025 como o ano em que veremos um real impulso nesse mercado.
Mas o que está por trás desse adiamento?
A resposta não é tão simples quanto parece…
Embora o índice S&P 500 tenha apresentado um desempenho impressionante, com alta de cerca de 22% no ano, esse número esconde uma realidade menos brilhante para empresas de menor capitalização.
Enquanto gigantes como Apple, Nvidia e Microsoft puxam o índice para cima, as small caps, ou empresas de menor valor de mercado, enfrentam um cenário desafiador.
Segundo Friedman, “é um conto de duas cidades”, referindo-se a situação em há uma clara divisão e contraste entre dois grupos.
Enquanto as grandes empresas veem um aumento de 10% em sua valorização, o índice de small caps caiu 10%.
Mas por que isso importa para o setor de software?
Muitas startups de tecnologia se enquadram na categoria de small caps, com valor de mercado abaixo de US$ 2 bilhões.
Isso significa que, mesmo com produtos inovadores, elas encontram menos interesse dos investidores no mercado público atual.
Além disso, a alta nas taxas de juros tornou o capital mais caro.
Empresas que ainda não são lucrativas e dependem de investimentos para crescer enfrentam maior ceticismo dos investidores.
Ninguém quer estrear na bolsa apenas para ver suas ações desvalorizarem.
Friedman destaca que, atualmente, as empresas preferem esperar por “12 meses de desempenho realmente forte” antes de considerar um IPO.
E quem pode culpá-las?
Em um ambiente econômico incerto, a prudência é essencial.
Enquanto isso, o mercado privado oferece alternativas…
O mercado secundário tem estado particularmente aquecido, permitindo que startups levantem capital sem os rigores e a exposição de um IPO.
Isso dá às empresas mais tempo para amadurecer e fortalece sua posição quando finalmente decidirem abrir o capital.
Um exemplo disso é a Ro, empresa de telemedicina avaliada em US$ 6,6 bilhões.
Seu CEO, Zach Reitano, mencionou que os benefícios de permanecer privada estão aumentando.
Essa tendência reflete uma mudança estratégica:
Em vez de buscar liquidez imediata, as empresas estão focando no crescimento sustentável.
Mas nem tudo são notícias desanimadoras.
O setor de biotecnologia tem visto IPOs bem-sucedidos, como o da Tempus AI, que levantou US$ 410 milhões em junho.
Isso indica que há apetite dos investidores por empresas inovadoras, mesmo que seletivamente.
Então, o que esperar para 2025?
Com empresas como Chime, Klarna e CoreWeave aparentemente se preparando para o mercado público, há sinais de que a maré pode estar virando.
Além disso, figuras influentes como Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, apontam que regulamentos rigorosos têm dificultado o processo de IPO, tanto nos EUA quanto no Reino Unido.
Ele argumenta que é necessário tornar mais fácil e menos custoso para as empresas abrirem capital.
Talvez seja hora de as empresas revisitarem seus modelos de negócios e estratégias de crescimento.
Em vez de acelerar para um IPO, por que não fortalecer as bases, focar em lucratividade e construir valor a longo prazo?
Afinal, o mercado recompensará empresas sólidas e resilientes.
E para os investidores, pode ser o momento de olhar além das grandes capitalizações e descobrir joias escondidas entre as small caps.