Em uma era de crescente ceticismo sobre o potencial transformador da inteligência artificial, Jensen Huang, CEO da Nvidia, está firme em seu propósito de colocar a IA no centro das mudanças sociais globais.
Durante uma entrevista com Lauren Goode em um evento em São Francisco, Huang descreveu a IA como um marco comparável a um ‘reset’ na computação dos últimos 60 anos.
Para ele, a IA não é apenas uma ferramenta competitiva; é uma onda tecnológica inevitável que precisa ser adotada globalmente.
Ele compara a importância da IA à infraestrutura de energia e comunicações, prevendo a ascensão de uma nova infraestrutura de inteligência digital.
O desafio agora é convencer governos em todo o mundo a adotar sua visão.
Durante a conferência, Huang se destacou ao participar remotamente da Tailândia, onde discutiu o desenvolvimento de infraestrutura de IA com o primeiro-ministro Paetongtarn Shinawatra.
Este movimento faz parte de uma série de esforços para persuadir nações a construir suas próprias capacidades nacionais de IA, obviamente utilizando os chips da Nvidia.
O sucesso de sua abordagem é evidente: já pelo menos dez países, incluindo Dinamarca, Japão e Índia, estão trabalhando com a Nvidia para estabelecer sistemas nacionais de IA, refletindo uma crescente divisão online orientada por fronteiras geopolíticas.
A complexidade desse cenário é sublinhada pela recente política norte-americana de restringir a exportação de tecnologia de chips para a China, incluindo componentes utilizados em chips personalizados para IA.
Isso inclui as memórias HBM, essenciais nos chips H20 da Nvidia, que já interrompeu pedidos de empresas chinesas na expectativa dessas restrições.
Huang evita comentar diretamente sobre o impacto dessas restrições, mas destaca interações positivas com o governo dos EUA, o que foi recebido com humor pela audiência.
Outro fator a considerar é a tensão entre duas potências tecnológicas: EUA e China.
Como fornecedor central de hardware, a Nvidia se encontra no olho do furacão.
Com a aproximação do mandato de Donald Trump, Huang procura manter um diálogo aberto, desejando sucesso à administração e buscando incorporar sua visão de IA como fonte de mudanças sociais fundamentais.
Embora Trump tenha prometido tarifas significativas sobre importações que podem afetar operações como a nova fábrica de chips da Nvidia no México, Huang permanece otimista na possibilidade de alinhamento com sua visão para a indústria.
Este cenário complexo reflete a preocupação de muitos países em proteger seus interesses diante de um futuro dominado por gigantes tecnológicos dos EUA e China.
Huang argumenta que dados são um recurso natural vital dos países, codificando conhecimentos culturais, aspirações e senso comum de suas sociedades.
Este é o cerne do apelo de Huang em direção a uma ‘IA soberana’, incentivando nações a reconhecer a importância de desenvolver sua própria infraestrutura tecnológica na era da IA.