A Commonwealth Fusion Systems (CFS), empresa apoiada por Bill Gates, anunciou a instalação de um componente crucial em seu reator de demonstração Sparc, marcando um avanço significativo na corrida pela energia de fusão nuclear. A peça, uma base de criostato de 75 toneladas e 24 pés de largura, forma a fundação do tokamak, o coração em formato de donut de um reator de fusão. Com este progresso, a CFS está mais perto de alcançar sua meta de produzir mais energia do que consome, visando iniciar operações em 2027.
A Commonwealth Fusion Systems (CFS) deu um importante passo em direção à energia de fusão nuclear ao instalar um componente essencial em seu reator de demonstração Sparc.
A empresa, que conta com o apoio de Bill Gates através da Breakthrough Energy Ventures, está construindo um tokamak, uma máquina em formato de donut que é o núcleo de um reator de fusão.
O componente instalado é a base do criostato, uma estrutura de aço inoxidável com 24 pés de largura e pesando 75 toneladas.
Esta peça foi fabricada na Itália e transportada até o local da CFS em Devens, Massachusetts, nos Estados Unidos.
Segundo Alex Creely, diretor de operações do tokamak na CFS, esta é a primeira parte do verdadeiro motor de fusão que a empresa está construindo.
A instalação da base do criostato marca a transição da CFS para uma nova fase do projeto, focada na construção do tokamak em si.
A fusão nuclear é vista como uma potencial fonte de energia limpa e praticamente ilimitada.
Diferente da fissão nuclear, que é a divisão de átomos pesados, a fusão envolve a combinação de átomos leves, como o hidrogênio, para formar um átomo mais pesado, liberando energia no processo.
O combustível utilizado na fusão pode ser derivado da água do mar, tornando-o abundante.
O tokamak utiliza ímãs supercondutores para gerar campos magnéticos poderosos que confinam e comprimem o plasma a temperaturas de cerca de 100 milhões de graus Celsius.
Manter esse plasma estável é um dos principais desafios técnicos do projeto.
A base do criostato é fundamental para manter os ímãs supercondutores resfriados a -253 graus Celsius, usando hélio líquido.
Ela funciona como a base de um termômetro gigante, isolando os componentes ultrafrios do ambiente externo.
Após a entrega da base do criostato, a equipe da CFS levou alguns dias para remover o material de envio e mais uma semana para inspecionar e garantir que não houvesse danos durante o transporte.
Em seguida, a peça foi movida para o salão do tokamak, onde foi posicionada sobre parafusos precisamente colocados na fundação de concreto.
A expectativa é que o reator Sparc comece a operar em 2027.
Se funcionar conforme o esperado, poderá ser o primeiro tokamak a produzir mais energia do que consome.
Essa conquista seria um marco histórico na área de energia de fusão.
Até o momento, apenas o National Ignition Facility (NIF), do Departamento de Energia dos EUA, alcançou o chamado “break even científico”, onde a energia produzida iguala a energia introduzida.
No entanto, o NIF utiliza lasers para comprimir uma pastilha de combustível, enquanto a abordagem da CFS envolve o confinamento magnético em um tokamak.
O avanço da CFS tem atraído a atenção de investidores e do setor de energia, já que a demanda por eletricidade tende a aumentar com a proliferação de veículos elétricos e centros de dados.
A energia de fusão oferece a promessa de uma fonte limpa e abundante para atender a essas necessidades crescentes.
Paralelamente à instalação da base do criostato, a CFS continua trabalhando nos outros três componentes principais do tokamak.
A montagem final das peças está prevista para o final deste ano ou início do próximo.
Após a montagem, a empresa passará por um processo de comissionamento, verificando se todos os sistemas funcionam em conjunto conforme planejado.
Alex Creely ressalta que, por se tratar de um projeto pioneiro, o processo de iniciação não é simples.
Não há um botão de ligar que coloque tudo em funcionamento imediatamente.
Cada etapa requer cuidados para garantir a segurança e a eficácia do reator.
A Commonwealth Fusion Systems tem se destacado entre as startups que buscam tornar a fusão nuclear uma realidade comercial.
Com o apoio de investidores de peso e avanços técnicos significativos, a empresa está posicionada como uma das principais candidatas a demonstrar a viabilidade comercial da energia de fusão.
O sucesso do projeto Sparc poderia abrir caminho para a construção de reatores de fusão em escala comercial, contribuindo para a descarbonização da matriz energética global.