A Odoo, empresa belga de ERP de código aberto, levantou €500 milhões em investimento secundário, elevando sua avaliação para €5 bilhões. Com um crescimento anual de 40% e planos de expansão focados em IA, a empresa desafia gigantes como a SAP. Entenda como a estratégia da Odoo pode influenciar o mercado de software empresarial e o que isso significa para o futuro das PMEs no Brasil.
A Odoo, empresa belga especializada em softwares de planejamento de recursos empresariais (ERP) de código aberto, acaba de levantar €500 milhões (aproximadamente US$527 milhões) em investimento secundário liderado pela CapitalG, fundo de investimento da Alphabet, e pela Sequoia Capital.
Com este aporte, a avaliação da Odoo sobe para impressionantes €5 bilhões (cerca de US$5,26 bilhões).
O que torna este investimento ainda mais notável é que a Odoo não precisa de capital primário há oito anos.
Com mais de cinco milhões de usuários e um crescimento anual de 40%, a empresa está em uma trajetória ascendente consistente.
A previsão é de que a Odoo ultrapasse €650 milhões (US$685 milhões) em faturamento nos próximos 12 meses, com a meta ambiciosa de alcançar €1 bilhão (US$1,05 bilhão) até 2027.
Fundada em 2002 por Fabien Pinckaers, a Odoo adotou uma abordagem única ao utilizar ferramentas de código aberto para competir no mercado de ERP, dominado por gigantes como a SAP.
Pinckaers iniciou a empresa em uma fazenda na Bélgica e atualmente reside na Índia, de onde continua a liderar os negócios.
Apesar da alta avaliação e das receitas significativas, Pinckaers declarou à CNBC que não tem pressa em abrir capital na bolsa.
A estratégia da Odoo baseia-se em oferecer uma vasta gama de aplicativos empresariais integrados, abrangendo desde contabilidade e CRM até manufatura e marketing.
Além disso, conta com uma comunidade ativa que desenvolveu mais de 50 mil aplicativos disponíveis em sua loja.
Cerca de 80% dos negócios da Odoo são provenientes de software de código aberto gratuito, enquanto os 20% restantes vêm de licenças pagas do “Odoo Enterprise”, que oferecem recursos adicionais para os usuários que buscam funcionalidades extras.
Este modelo de negócios tem permitido à Odoo competir efetivamente com empresas estabelecidas, proporcionando soluções acessíveis e adaptáveis para pequenas e médias empresas (PMEs).
O novo investimento será direcionado para acelerar pesquisa e desenvolvimento (P&D) e o desenvolvimento de produtos, possivelmente com foco em como a inteligência artificial (IA) pode transformar o mercado de ERP.
O surgimento de startups como a Cogna, que utiliza IA para criar aplicativos empresariais de forma autônoma, indica que a Odoo está atenta às tendências que podem impactar seu setor.
“Fabien e sua equipe construíram um negócio único a partir de sua visão ambiciosa de uma suíte unificada de aplicativos empresariais altamente integrados”, disse Alex Nichols, parceiro da CapitalG.
Ao refletir sobre o sucesso da empresa, Pinckaers comentou em seu blog: “Os ERPs são tradicionalmente caros e exigem muitos recursos para implementar, muitas vezes falhando em atender às necessidades reais e às exigências em evolução das PMEs.
Desenvolvemos uma proposta de valor única que está desempenhando um papel fundamental no mercado”.
É interessante notar que a última rodada de financiamento da Odoo ocorreu em 2014, quando levantou US$10 milhões em uma Série B.
Participaram desta nova rodada investidores como Alkeon, AVP, BlackRock, HarbourVest Partners e Mubadala Investment Company.
Investidores anteriores, incluindo Noshaq, Summit Partners e Wallonie Entreprendre, venderam ações secundárias para a CapitalG e a Sequoia como parte desta rodada, mas a Summit continuará sendo a maior acionista institucional da Odoo.
A ascensão da Odoo destaca como soluções de código aberto podem desafiar players estabelecidos, oferecendo alternativas mais flexíveis e econômicas.