Databricks e a decisão de não entrar na bolsa durante o ‘boom’ da IA

A Databricks, empresa de análise de dados e inteligência artificial, anunciou recentemente a captação de US$ 10 bilhões em uma rodada de investimentos, adiando seus planos de abrir capital para pelo menos 2025. O CEO Ali Ghodsi compartilhou as razões por trás dessa decisão, destacando a instabilidade do mercado em um ano eleitoral e o desejo de proporcionar liquidez aos funcionários. Apesar do interesse massivo dos investidores, Ghodsi optou por aguardar um momento mais oportuno para o IPO, evitando riscos associados ao atual 'boom' de startups de IA com avaliações inflacionadas.

A Databricks fechou uma das maiores rodadas de financiamento já registradas, levantando impressionantes US$ 10 bilhões em capital fresco.

Naturamente, a comunidade de investidores em tecnologia questionou o que isso significaria para o aguardado IPO da empresa.

Em um evento realizado em São Francisco na última terça-feira, o CEO da Databricks, Ali Ghodsi, explicou por que decidiu esperar até pelo menos 2025 para abrir o capital.

“Este ano foi um ano eleitoral.

Queríamos garantir alguma estabilidade – as pessoas estão preocupadas com taxas de juros, inflação…

Então pensamos que seria tolice fazer um IPO agora, então definitivamente vamos esperar”, disse Ghodsi durante uma entrevista com Dan Primack no Axios AI Summit.

“A possibilidade teórica mais próxima para um IPO seria no próximo ano, e ainda haveria períodos de lock-up, então seria um período muito longo para os funcionários obterem liquidez.”

A Databricks está utilizando esta rodada “Série J” para permitir que funcionários iniciais realizem a venda de ações e para continuar crescendo.

Enquanto 2024 se mostrava incerto em muitos aspectos, os IPOs de empresas como ServiceTitan e Reddit tiveram sucesso.

Mas por que arriscar quando se pode levantar tanto quanto a Databricks?

Ghodsi revelou que esta última rodada poderia ter sido quase o dobro do valor fechado.

Ele mencionou que os investidores estavam ansiosos para participar, o que levou a Databricks a aumentar o preço de suas ações.

A empresa iniciou buscando levantar entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões nesta rodada, mas relatos na imprensa sobre seus esforços de captação elevaram o interesse a níveis extraordinários.

“Vi uma planilha onde eles mantinham um registro de todas as pessoas interessadas em investir.

Eram US$ 19 bilhões em interesse, quase caí da cadeira”, disse Ghodsi.

“E nem tínhamos conversado com todos.

Pensei: ‘Meu Deus, isso é um valor gigantesco.’

Então elevamos o preço.”

Mesmo após essa impressionante captação, Ghodsi não descarta um IPO da Databricks em 2025.

No entanto, ele mencionou que isso poderia acontecer apenas em 2026.

Para ele, tornar-se uma empresa pública é menos crucial do que era há 10 ou 15 anos, como indica esta rodada recorde, mas ainda é algo que a empresa deseja realizar.

Isso dito, Ghodsi não está tentando apressar um IPO antes que a “bolha da IA”, como ele chamou, estoure.

“Estamos no pico da bolha da IA.

Não é preciso ser um gênio para saber que uma empresa com cinco pessoas, sem produto, sem inovação, sem propriedade intelectual – apenas recém-formados – não vale centenas de milhões, às vezes bilhões”, afirmou Ghodsi.

“Você vê valuations bilionárias em startups que não têm nada – isso é uma bolha.”

O CEO da Databricks não especificou quais startups estava mencionando, mas certamente vimos muitos unicórnios de IA este ano.

Nada disso parece preocupar Ghodsi, que afirma que sua empresa e sua valorização resistirão ao teste do tempo.

Ele acredita que a Databricks já venceu sua primeira grande batalha com outra startup de análise de dados, a Snowflake.

“Tínhamos um programa chamado ‘SnowMelt'”, disse Ghodsi, confirmando relatos de uma iniciativa dentro da Databricks para conquistar negócios da Snowflake.

“Estávamos indo atrás da Snowflake e os demonizamos, mas isso ficou para trás.”

Esse esforço para superar a Snowflake teve um preço alto, supostamente levando a Databricks a pagar US$ 2 bilhões para adquirir uma pequena startup chamada Tabular.

A Snowflake também teria interesse em comprar a Tabular, apesar de a empresa gerar apenas US$ 1 milhão em receita recorrente anual na época.

Agora, a Databricks está mirando concorrentes maiores, com produtos que rivalizam com gigantes do mercado como Salesforce e Microsoft.

Ghodsi afirma que dados e IA continuarão desempenhando um papel cada vez mais importante na vida das pessoas a cada ano, e ele acredita que sua empresa está bem posicionada para atender a esse nicho.

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